Prêmio da Paz dos Livreiros Alemães: Sebastião Salgado é o primeiro fotógrafo do mundo homenageado
- Bethania Quiareli
- 22 de out. de 2019
- 2 min de leitura
O brasileiro recebeu em Frankfurt homenagem que já foi concedido a personalidades como Vaclav Havel, Susan Sontag e Margaret Atwood
Por Bethânia Quiareli

O Prêmio da Paz, concedido todos os anos pela Federação do Comércio Livreiro Alemão, premiou Sebastião Salgado que se tornou o primeiro brasileiro fotógrafo do mundo a receber a homenagem, que é considerada uma das mais importantes do setor cultural na Alemanha.
O Prêmio da Paz é entregue anualmente, desde 1950, sempre no último dia da Feira do Livro de Frankfurt. A cerimônia, foi transmitida ao vivo pela TV alemã e aconteceu na igreja de São Paulo, em Frankfurt, com a presença de 700 pessoas.
Sebastião Salgado se emocionou durante sua fala, parando por alguns instantes para enxugar lágrimas, principalmente quando lembrou que “passou grande parte de sua vida testemunhando o sofrimento do nosso planeta e de seus habitantes que vivem em condições cruéis e desumanas”. “A missão de iluminar a injustiça guiou meu trabalho como fotógrafo social.” Afirmou Salgado.
“As minhas fotografias mostram o presente e por mais que ele seja doloroso, nós não temos o direito de desviar nosso olhar”.
O brasileiro no final dedicou o prêmio à sua mulher Lélia Wanick Salgado, destacando-a como colaboradora de todos os seus projetos e companheira de vida. Ele também dedicou a homenagem às populações exiladas e ameaçadas.
O Prêmio concede ainda uma recompensa de € 25 mil. Entre as personalidades que já foram agraciadas com ele estão Vaclav Havel, Jürgen Habermas, Susan Sontag e Margaret Atwood.
A obra Literário de Sebastião Salgado

Sebastião Salgado é um fotojornalista brasileiro, reconhecido mundialmente pelo trabalho que desenvolve abordando temas sociais. Sua obra expressa poderosamente a preservação da natureza em todos os aspectos.
Em 1977, Salgado iniciou um projeto denominado 'Outras Américas', onde realizou a fantástica sequência de fotos documentais de camponeses latino-americanos, durante sete anos, com viagens iniciadas no litoral do Nordeste Brasileiro e percorrendo depois pelo Chile, Bolívia, Peru, Equador, Guatemala e terminando no México. Esse projeto lhe trouxe o Prêmio Cidade de Paris/Kodak pelo seu primeiro livro fotográfico, lançado em 1986.
O 'Homem em Pânico', outro livro de Salgada, publicado 86, produzido em parceria com a ONG Médicos sem Fronteiras, durou quinze meses de pesquisas. Esta obra revela o longo processo de seca no norte africano. De 1986 a 1992 ele focou em reproduzir fotograficamente a realidade dos funcionários manuais em todo o Planeta, resultando no livro 'Trabalhadores', de 1996.
A obra 'Terra' que possui 137 fotografias em preto e branco, tiradas entre 1980 e 1996, que retratavam a condição de vida de trabalhadores rurais sem-terra, mendigos, crianças de rua e outros grupos excluídos socialmente, marginalizados e desterrados no Brasil. Além da parceria com José Saramago, que escreveu o prefácio, o livro foi comercializado em conjunto com o CD Terra, de Chico Buarque. O livro rendeu a Sebastião Salgado o Prêmio Jabuti de Literatura na categoria reportagem em 1998.
Entre os anos de 1993 a 1999 Sebastião se dedicou a emigração massiva de pessoas no mundo todo, dando origem à obra 'Êxodos e Retratos de Crianças do Êxodo', publicado em 2000,alcançando grande sucesso mundial. No ano seguinte, o fotógrafo foi indicado para ser representante especial do UNICEF. Ele já publicou pelo menos dez livros e realizou inúmeras exposições, conquistando os prêmios mais importantes neste campo e honrarias recebidas na Europa e na América.
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