O Consolidado Jornalismo Literário
- fabiotubino0
- 19 de nov. de 2019
- 2 min de leitura
O Jornalismo Literário é uma especialização do Jornalismo conhecido como Literatura não ficcional, Nos Estados Unidos, na década de 60 teve como principais expoentes Tom Wolfe, Gay Talese, Norman Mailer e Truman Capote.
Por Fábio Tubino

Classificado como romance de não-ficção, sua principal característica é misturar a narrativa jornalística com a literária. Uma das publicações que popularizaram o novo estilo foi a revista The New Yorker. Em 1956, com o escritor americano Truman Capote que publicou o perfil do ator Marlon Brando, intitulado "O Duque em seus domínios". Capote,escreveu o livro-reportagem “A Sangue Frio”, destacando a reconstituição detalhada de um crime que ocorreu nos EUA. A partir disso, os Jornalistas decidiram finalmente sair da redação e inovar, fazendo mais entrevistas, pesquisando em arquivos, levantando dados e usando recursos de narração e ferramentas de ficção para contar os fatos.
No Brasil, Joel Silveira e Nelson Rodrigues

A prática tornou-se comum no Brasil exercida pelos jornalistas da Revista Realidade principalmente. A revista foi fundada em 1966 pelo Grupo Abril, primando por reportagens bem produzidas e atraentes. Joel Silveira pode ser considerado um dos expoentes do Jornalismo Literário no Brasil. Em muitas reportagens de Joel escritas na década de 40, a linguagem literária está presente na sua produção, como é o caso de “1002 a noite na Avenida Paulista”, reportagem de um casamento da família Matarazzo que consagrou o escritor no meio jornalístico. É esse tom literário que marca as reportagens reunidas no livro “Grã-finos em São Paulo e outras notícias do Brasil”, coletânea de textos escritos pelo jornalista entre 1944 e 1945, publicada em 1945. Nelson Rodrigues foi destacado jornalista e cronista Literário do cotidiano selvagem e do Futebol. Sempre foi preciso em suas narrações literárias, não é à toa que o clássico Fla-Flu, ganhou notoriedade e se eternizou. Nelson, torcedor assumido do tricolor soube descrever sentimentos em meio às realidades que observava quando o time estava jogando. Existiram outros excelentes literários que souberam, mais do que ninguém, narrar os fatos esportivos unindo precisão, mas atualmente, o que vemos é apenas o trabalho de cobertura sendo feito de forma precisa.
O Livro - Reportagem

O Livro-Reportagem ultrapassa o contar uma história e apresenta os personagens humanizados, detalhando o fato e suas curiosidades, fugindo do modelo convencional. Se a reportagem é um relato ampliado da notícia, o livro-reportagem é a ampliação da grande reportagem. Para a produção do livro-reportagem, assim como no Jornalismo tradicional, é preciso cumprir etapas, como a elaboração da pauta, extensa pesquisa, entrevistas, documentação e edição. Vale ressaltar alguns exemplos de livros reportagem como o Rota 66 do jornalista Caco Barcelos, que vivenciou os subúrbios da cidade de São Paulo. Caco Barcelos, utilizou-se da linguagem cinematográfica, que permite ao leitor passear pelos ambientes onde se passa os acontecimentos e visualizar os personagens descritos de forma minuciosa. Do mesmo modo que Rota 66, despontam no Jornalismo Literário, obras como Cidade de Deus, de Paulo Lins, Abusado, também de Caco Barcelos, e Cidade Perdida, de Zuenir Ventura. Os livros Estação Carandiru, Carcereiros e Prisioneiras, do médico Dráuzio Varella, estão inseridos neste contexto, com abordagem de sua vivência no mundo carcerário.
Importante valorizar o Jornalismo Literário, gênero absolutamente consolidado em todo o mundo.
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