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Os contrastes da Rússia no Esporte

  • fabiotubino0
  • 26 de nov. de 2019
  • 6 min de leitura

A história da Rússia como uma das principais potências esportivas do mundo teve início em 1917 quando deu-se início a Revolução Russa, e, pela primeira vez na história, um país instaurou um estado socialista.


Por Fábio Tubino


A experiência que teve consequências no mundo todo com a chamada Guerra Fria, uma disputa ideológica, teve impressionantes consequências no Esporte. A chegada ao poder dos bolcheviques e a anexação de outras repúblicas deram origem à conhecida União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (a URSS) em 1922, e os revolucionários, utilizaram o Esporte como um método para a preparação física e militar. Diversas modalidades esportivas foram implementadas à Rússia, mas o Atletismo, o Basquete, a Natação e o Vôlei, foram mais estimuladas. O Futebol foi utilizado como propaganda para espalhar ideais revolucionários. Durante vinte anos, a seleção da União Soviética apenas realizou amistosos a fim de estreitar relações internacionais. Somente em meados dos anos 50, a seleção de Futebol soviética conseguiu vencer uma Eurocopa e dois ouros olímpicos. Um deles em 1988, diante do Brasil.


A URSS Olímpica


A URSS disputou nove olimpíadas até ser extinta em 1991. Os Jogos Olímpicos de Verão de 1952 em Helsinque se tornaram os primeiros para os atletas soviéticos. Em 20 de Julho de 1952, a primeira medalha olímpica foi conquistada por Nina Romashkova no Lançamento de Disco. O resultado de Romashkova nesse evento(51,42 m) foi o novo recorde olímpico naquela época. Os Jogos Olímpicos de Inverno de 1956 em Cortina d'Ampezzo se tornaram os primeiros para os atletas soviéticos. A primeira medalha de ouro da URSS foi de Lyubov Kozyreva nos 10km do Esqui Cross-Country .


A Guerra Fria

Até 1991, quando a URSS desintegrou-se, o mundo viveu intensamente o período conhecido como Guerra Fria. Apesar de não terem declarado guerra uma contra a outra, EUA e URSS passaram décadas adotando políticas e estratégias para conquistar aliados e desqualificar o outro. De um lado, o projeto capitalista americano; de outro, a força socialista e da máquina estatal soviética. Algumas partidas marcaram essa rivalidade intensa no Esporte.


A final polêmica do Basquete masculino


Foto: Acervo

Dia 10 de setembro de 1972, nos Jogos de Munique, as duas grandes potências mundiais, disputaram no Basquete quem era o dono do mundo naquela que ficou conhecida como a partida mais polêmica da história . Os norte-americanos jamais tinham perdido nos Jogos, eram heptacampeões olímpicos e estavam invictos havia 63 confrontos. Não bastasse o clima pesado pelo encontro entre os rivais, cinco dias antes, terroristas palestinos mataram 11 atletas israelenses no‘Massacre de Munique. Nesta final olímpica, a URSS esteve à frente do placar durante toda a partida, mas faltando três segundos para o fim, os EUA viraram o marcador com dois lances livres: 50 a 49. Na saída de bola, os norte-americanos seguraram o ataque adversário e chegaram a comemorar a vitória, mas o técnico soviético alegou que havia pedido tempo a um segundo do cronômetro estourar. O jogador da URSS, atirou a bola na direção da tabela do outro lado da quadra, mas com pouco tempo, não conseguiu a cesta salvadora. Os norte-americanos festejaram o oitavo ouro olímpico consecutivo, quando o secretário geral da FIBA, Federação Internacional de Basquete, William Jones, deixou a tribuna para comunicar aos juízes que na realidade faltavam três e não um segundo para o final da partida quando o treinador da URSS pediu tempo. O duelo recomeçou e desta vez a jogada dos soviéticos deu certo: Alexander Belov venceu a briga pela bola no alto e fez a cesta vencedora, para indignação dos americanos, que jamais aceitaram a medalha de prata. O árbitro brasileiro Renato Rhigetto se recusou a assinar a súmula da partida. Com o voto de três representantes de países do bloco socialista, Polônia, Hungria e Cuba, a decisão foi mantida. Belov, herói da vitória, virou vilão dali em diante. Foi preso por contrabando de ouro e armas e espionado pelo serviço secreto por se negar a atuar em um time local.. Deixou a vida aos 26 anos com problemas no coração.


Os Boicotes dos Anos 80


No final de 1979, como protesto contra a invasão soviética do Afeganistão, o presidente norte-americano Jimmy Carter anunciou o boicote de sua nação aos Jogos Olímpicos de Moscou no ano seguinte, convocando seus aliados pelo mundo a fazerem o mesmo, ao todo foram 69 países. Este início dos anos 80 representou o pior momento vivido pelos Jogos Olímpicos e pelo Comitê Olímpico Internacional em toda a sua existência com o esperado boicote a ser feito em troca pela URSS e seus aliados aos Jogos seguintes em Los Angeles, fazendo com que seus dirigentes temessem pela própria extinção das Olimpíadas. O soviético Aleksandr Dityatin tornou-se o nome dos Jogos ao arrebatar oito medalhas nos oito eventos masculinos da Ginástica, três delas de ouro, sendo o único ginasta a conseguir tal feito numa Olimpíada.


O Ursinho Misha

Foto: Divulgação

O Misha foi o primeiro mascote de um Evento esportivo que alcançou êxito comercial a nível mundial. Diversos produtos foram vendidos em todo o mundo com sua imagem. Ainda pode ser considerado, o mascote mais famoso da história das Olimpíadas.





Popov, o nadador da nova Rússia


Alexander Popov foi um dos grandes nomes do Esporte russo. Detentor de quatro ouros olímpicos em provas individuais, foi um dos maiores nadadores deo mundo e valorizou nas piscinas o período da Rússia, depois da divisão. Popov foi recordista olímpico dos 50m livres, com 21s64, marca recorde mundial por 8 anos, entre 2000 e 2008, e só foi batida depois do advento das super-roupas. Também foi detentor do recorde mundial dos 100m livres com 48s21 entre os anos de 1994 a 2000. Ambas as provas são conhecidas por serem as mais concorridas de todas na Natação, o que reforça ainda mais a importância de tais feitos.


Karpol, uma lenda do Vôlei


Nicolai Karpol foi o treinador da União Soviética que conquistou por duas vezes a medalha de ouro. A primeira aconteceu em Moscou 1980 e Karpol repetiria a dose 8 anos mais tarde na Coreia do Sul. Sob comando da Rússia, Karpol conseguiu o Mundial de 1990 na China, venceu 3 vezes o Grand Prix e ganhou 6 oportunidades o Campeonato Europeu. Conhecido pelo jeito agressivo de comandar as jogadoras e gritar durante os jogos e os pedidos de tempo, Karpol deixou de comandar a Rússia após a olimpíada de Atenas em 2004.


Escândalos de doping causaram suspensão nos Eventos


Foto: Divulgação

A Agência Mundial Antidoping apresentou um relatório revelando que cerca de 1.417 amostras de controle de doping foram destruídas em dezembro de 2014. Em novembro de 2015, o chefe do laboratório antidoping da Rússia, Grigory Rodchenkov, renunciou ao cargo após ser acusado de destruir mais de 1.400 amostras dos exames positivos dos atletas russos. Nos Jogos Rio 2016, o Comitê Olímpico Internacional deixou a responsabilidade de punir ou não os atletas russos para cada federação internacional. Já o Comitê Paralímpico

Internacional foi impiedoso e baniu a Rússia dos Jogos de 2016. No Atletismo, modalidade com maior número de casos positivos dos russos, a Associação das Federações Internacionais de Atletismo até hoje não retirou a suspensão do país. Os atletas considerados limpos disputam as provas oficiais com bandeira neutra. Após ser anunciada a manutenção da suspensão russa de competições internacionais no Atletismo, um dos principais nomes do Esporte do país, Yelena Isinbayeva se manifestou com um discurso em tom de revolta. Vencedora de dois títulos olímpicos e varias vezes detentora do recorde do salto com vara (em provas indoor e outdoor), ela considerou a decisão como uma forma de discriminação com os atletas limpos da Rússia.


Tradição na Ginástica Rítmica

No Rio, apesar da suspensão em diversas modalidades, a Rússia continuou a mostrar superioridade na Ginástica Rítmica, comprovando a tradição na modalidade, conquistando medalhas desde os Jogos Sidney 2000. Na Arena Olímpica do Rio, fez dobradinha com o ouro no individual geral ficando com Margarita Mamun e, a prata com Yana Kudryavtseva.


Homofobia Olímpica


Os Jogos de Inverno de 2014 aconteceram em Sochi e foram polêmicos por conta das declarações homofóbicas do prefeito da cidade, Anatoly Pakhomov, que disse para a rede BBC, que no local, não existe pessoas que gostam do mesmo sexo. A Rússia aprovou uma lei que condenava manifestações comportamentais. Como um sinal de desafio, os EUA enviaram em sua delegação integrantes abertamente homossexuais. O comportamento russo foi muito contestado pela comunidade mundial esportiva. Os Jogos de Sochi custaram mais de R$ 100 bilhões, Os gastos excessivos deram margem para outra polêmica comum no cenário político da Rússia: a corrupção.


A Copa do Mundo mais cara da história


Foto: Divulgação

A FIFA informou que escolheu a Rússia para sediar a Copa do Mundo de Futebol 2018, por causa do aumento de interesse da população russa na modalidade, especialmente pelos investimentos financeiros, com a migração de jogadores estrangeiros para o país. Apesar da temeridade por conta das posturas de homofobia e racismo, o evento ocorreu sem problemas .Entrou para a história por ter sido a Copa mais cara até então, com um custo total de 14,2 bilhões de dólares. Foi também a primeira edição a fazer uso do Árbitro assistente de Vídeo (VAR).


País pode ficar fora de Tóquio


Os escândalos de doping envolvendo atletas da Rússia pode agora deixar o país sem representantes para os Jogos Olímpicos de Tóquio, entre julho e agosto de 2020, no Japão. A Agência Mundial Antidoping recomendou que a Rússia fique fora de todos os grandes eventos esportivos pelos próximos quatro anos por conta da falsificação de dados do laboratório antidoping de Moscou. A Rússia poderá recorrer da pena no CAS.


Diante do que pode acontecer, o Esporte russo, apesar de muitos vencedores e de promover importantes Eventos, deve novamente ser esvaziado por conta das condutas antiéticas.

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