O Carnavalesco do Sentido Social
- fabiotubino0
- 26 de nov. de 2019
- 3 min de leitura
Formado pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Leandro Vieira iniciou sua carreira no mundo do Samba em 2007 e já pode ser considerado um dos carnavalescos mais audaciosos.
Por Fábio Tubino
O Primeiro trabalho na Caprichosos
Em 2015, Leandro foi chamado para assinar o seu primeiro trabalho solo como carnavalesco na Caprichosos de Pilares, que desfilava pela Séria A. Apesar dos problemas financeiros e estruturais da escola, com o enredo "Na minha mão é mais barato" a Caprichosos conseguiu a sétima colocação após um desfile elogiado pela crítica especializada.
Homenagem a Maria Bethânia

Na sua estreia no Desfile das Escolas de Samba do Grupo Especial em 2016, Leandro desenvolveu na Mangueira o enredo de homenagem a cantora Maria Bethânia: "A Menina dos Olhos de Oyá". A passagem da verde rosa, chamou a atenção pela excelente plástica, por isso acabou vencendo a disputa no ano de sua estreia . O apelo popular de Bethânia ajudou, como a identificação de enredos autorais com a Mangueira, foi assim com Braguinha, Caymi e Chico Buarque. O jovem carnavalesco, conseguiu igualar o feito de Joãozinho Trinta, em 1971, quando venceu no Grupo Especial. O ano de 2016, marcou também o fim do jejum da Mangueira, que não vencia há 13 anos. Leandro conquistou o troféu Estandarte de Ouro, promovido pelo jornal O Globo, como a revelação daquele ano.
Só com a ajuda do santo
Em 2017, Leandro desenvolveu o enredo "Só com a ajuda do santo" e a Verde e Rosa recebeu novamente o prêmio de melhor escola do Estandarte, Na disputa, terminou em quarto lugar. Uma de suas criações - o tripé Cristo-Oxalá - acabou vetado para o Desfile das Campeãs para atender um pedido da Arquidiocese do Rio de Janeiro.
Primeiro enredo crítico na Avenida
Em 2018, Vieira desenvolveu seu primeiro enredo crítico como carnavalesco da Mangueira, questionando o corte de verba promovido pela Prefeitura do Rio de Janeiro. Com o enredo "Com dinheiro ou sem dinheiro eu brinco", questionou a real importância do dinheiro para a realização das manifestações carnavalescas e as reais intenções do prefeito com o corte. Um dos destaques do desfile foi a figura do prefeito representado por um boneco de Judas carregando a placa "Pega no Ganzá" . Apesar da quinta colocação, a Mangueira recebeu três prêmios do Estandarte de Ouro: melhor enredo, melhor ala e melhor ala das baianas
Novamente Campeão

No desfile de 2019, Leandro trabalhou o enredo "História para ninar gente grande", desfile que proporcionou o 20º título da Mangueira . O objetivo foi retratar os marginalizados pela História do Brasil, defendendo os pobres, negros e indígenas]. Pedro Álvares Cabral, Dom Pedro I e a Princesa Isabel, foram substituídos por heróis vindos das camadas populares, como Cunhambebe, Maria Filipa de Oliveira e Chico da Matilde. O momento que a imprensa mais destacou do desfile foi o da representação feminina com a homenagem a vereadora vitimada Marielle Franco. Na apuração, a Mangueira recebeu nota máxima em todos os quesitos (após os descartes) e terminou com 270 pontos, em primeiro lugar, três décimos à frente à frente da vice-campeã Viradouro. A escola ganhou o Estandarte de Ouro de melhor escola.
Jesus Cristo na Sapucaí

Para o carnaval de 2020, Leandro assina o quinto enredo autoral à frente da verde-e-rosa. e vai inovar novamente com Jesus Cristo à Sapucaí, A ideia é apresentar Jesus na contemporaneidade marcada pela intolerância, atento a assuntos como respeito às diferenças e questões de raça e gênero.
O desafio na Imperatriz
No início de agosto, após a confirmação do rebaixamento da Imperatriz Leopoldinense foi anunciado como carnavalesco da Escola de Ramos para buscar o retorno ao Grupo Especial. Está reeditado o enredo de 1981 que homenageia o compositor Lamartine Babo, desfile que deu o bicampeonato a escola naquele ano. O título “O teu cabelo não nega” mudou para “Só dá Lalá”.
Contestador e com senso critico, Leandro Vieira acredita que os Desfiles das Escolas de Samba, hoje estão vinculados a uma máquina burocrática que envolve Estado, dependência financeira, questões ligadas à práticas que não são carnavalescas. Ele afirma que tem produzido pelo valor da festa, que apesar de todos os percaussos sempre foi popular..
Σχόλια