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A Evolução Tática no Futebol Mundial

  • Foto do escritor: Torcedor Cultural
    Torcedor Cultural
  • 5 de nov. de 2019
  • 3 min de leitura

Atualizado: 12 de nov. de 2019

Do Futebol arte de ontem ao atual futebol de resultado


Por Vilmar Vale


A Origem

Desde 1870, onde se usavam sistemas táticos que variavam entre 1-1-8 e 1-2-7 até os dias atuais, com a maioria dos técnicos utilizando o 3-5-2, o mundo do Futebol passou por uma evolução lenta, criteriosa, localizada e legitimada por conquistas. A FIFA reconhece, oficialmente, o 1-1-8, WM, o 4-2-4, o 4-3-3, o 4-4-2 e o 3-5-2 como sistemas táticos praticados em todo o mundo, através dos tempos. Percebe-se, de pronto, a substituição do ímpeto ofensivo inicial por um cuidado maior com o sistema defensivo das equipes, mesmo que isso não signifique atacar menos ou com menos jogadores. Atualmente, não se pode negar a revolução promovida no Esporte pela evolução da preparação física dos atletas, fator decisivo na formulação das novas leituras táticas hoje praticadas. A velocidade na recomposição das linhas defensivas após ações ofensivas, a constante troca de posições em campo, a flutuação entre as linhas e a transformação dos laterais defensivos em alas extremamente ofensivos são exemplos dessa evolução, em muito possível pelo aprimoramento da preparação física dos atletas de Futebol.


A Evolução

Foto: Divulgação

Em 1883, uma evolução para o sistema 2-3-5, conhecido como formação piramidal, que se impôs até 1925, quando surgiu o sistema desenvolvido pelo técnico inglês Herbert Chapman, que cria o WM. Nesse mesmo momento, a Internacional Board altera a lei do impedimento (de três para dois jogadores entre o atacante e a linha de fundo), fato que obriga um defensor mais preso à sua área. Com este sistema surge a marcação individual como opção para melhor conter ações ofensivas individuais. Mesmo sendo novidade e adotado por várias equipes, o WM foi negligenciado nos anos 30 pelas seleções campeãs das Copas de 30 (Uruguai) e 34 e 38 (Itália), que adotaram o velho 2-3-5, privilegiando o ataque. O apogeu do WM ocorreu nas Copas de 50 e 54, sendo usado pela maioria das seleções que participaram desses mundiais. Em 58 e 62, o Brasil mostrou ao mundo uma variação para 4-2-4 e 4-3-3 (com o recuo do ponta-esquerda Zagallo) que perdurou em 70, 74 e 78. Em 82 (Espanha), 86 (México) e 90 (Itália) chegamos a um 3-5-2, com um meio de campo mais povoado, poucos atacantes de ofício e a volta do líbero. Esse também foi o sistema de jogo mais praticado em 2002 (Japão/ Coréia). Nas Copas de 94 (EUA) e 2006 (Alemanha) prevaleceu o 4-4-2, que já havia se destacado na Copa de 66 (Inglaterra), e acabou se convertendo em um sistema clássico no Futebol mundial. Nas Copas de 98 (França), 2010 (África do Sul), 2014 (Brasil) e 2018 (Rússia) o 4-2-3-1 foi consagrado como modelo de um futebol moderno, com linhas compactas para defender e marcação por pressão na saída de bola.


Futebol Arte ou de Resultado?


Foto: Divulgação

Aqui é fundamental o entendimento de que o sucesso de um sistema tático depende muito das conquistas obtidas, da qualidade técnica e inteligência dos jogadores que vão praticá-lo e da sagacidade e coragem dos treinadores. A Itália de 34 e 38, o Brasil de 50, a Alemanha e a Hungria de 54, o Brasil de 58, 62 e 70, a Alemanha e a Holanda de 74, o Brasil de 82 e a Espanha de 2010 foram seleções que ficaram na memória de torcedores do mundo todo, ao longo do tempo. Qual a melhor ? Qual o melhor técnico ? Quais os melhores jogadores ? São perguntas apaixonantes que se repetem sem uma resposta absoluta, definitiva. O Futebol mudou muito. Virou um grande negócio, com muitas variantes e dinheiro envolvido. Os mais velhos sentem saudade de um tempo mais romântico, em que os jogadores criavam raízes no clube e eram fiéis ao seu escudo. Era fácil para o torcedor decorar o seu time do coração. Havia muita habilidade, técnica, classe e talento. Era um Futebol sem pressa, onde sempre prevalecia o craque. Eram tempos do mais puro Futebol arte. Atualmente, muito pelos diversos interesses e valores em jogo, o Futebol alcançou um estágio de negócio assustador e o torcedor passou a ser relegado a um segundo plano, perdendo para o próprio jogador, clube , federações, dirigentes, empresários, patrocinadores, mídia, entre outros, todos vistos como muito importantes e influentes no mundo do Futebol.


Hoje, toda e qualquer decisão tomada em um clube no Brasil e no mundo, deve atender a vários interesses políticos e financeiros que, quase sempre, depõem contra a vontade da sua massa torcedora que fica reduzida a simples expectadora de um Futebol sem alma, sem comprometimento. Um simples e frugal Futebol de resultado.

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